PLANGEA: Planejamento Estratégico do Uso da Terra

Desde 2013, o Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS) vem desenvolvendo uma abordagem multicritério para otimizar o planejamento espacial de ações de restauração, conservação e conversão de ecossistemas. Aplicando de forma inédita programação linear inteira ao uso integrado da terra, essa abordagem identifica os locais mais adequados para a implementação dessas ações, levando em consideração critérios personalizáveis de conservação da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e minimização dos custos.

A pesquisa resultou na criação da PLANGEA, uma plataforma de suporte à decisão que integra vários critérios, benefícios, custos, considerações legais e tomadas de decisão em todos os ecossistemas terrestres. Flexível, a plataforma tem desenvolvimento contínuo, incluindo novas métricas para melhorar a otimização multicritério e a precisão na identificação de áreas prioritárias para restauração, conservação e conversão agrícola. Além de considerá-los na priorização, nós também quantificamos os impactos individualmente para as métricas utilizadas.

A PLANGEA trabalha com diversos cenários, permitindo a comparação de resultados entre diferentes metas, alvos e objetivos. Esta abordagem permite avaliar cenários globais alternativos para metas de restauração ou outros esforços para aumentar as áreas naturais e proteger a natureza. Além disso, a possibilidade de realização de análises multiescalares torna-a útil para a orientação da implementação de metas regionais e locais, oferecendo soluções customizadas com base nas preferências dos tomadores de decisão.

A partir dos resultados dessa modelagem, foi desenvolvido  um mapa interativo para facilitar e apoiar o planejamento estratégico de uso da terra. A interface online amigável do mapa permite ao usuário simular e visualizar seus resultados aplicados a diferentes metas e cenários em escala nacional ou global. 

Atualmente, o mapa interativo engloba até três conjuntos de métricas em sua otimização. No contexto de conservação da biodiversidade, foi modelada a redução do débito de extinção de espécies, a redução da vulnerabilidade das ecorregiões e a redução do impacto na integridade dos ecossistemas. Adicionalmente, avaliou-se a mitigação das mudanças climáticas através dos valores líquidos de sequestro (restauração) e emissão (conversão) de carbono. Por fim, foi agregado o custo de oportunidade da terra para benefícios perdidos de commodities agrícolas em terras agrícolas e pastagens cultivadas e o custo de implementação da restauração em cada país.

Esforços de restauração e conservação de ecossistemas são atribuídos para atender aos maiores desafios do mundo, tais como: conservação da biodiversidade e regulação do clima. O cumprimento dos compromissos nacionais e internacionais facilitaria esses desafios globais, mas poderia deslocar a produção de alimentos e impor custos financeiros aos agricultores. Essa abordagem multicritério revela essas sinergias e trade-offs, incorporando ganhos ecológicos e econômicos no planejamento e na escolha de políticas.